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jogar jogo do tigre demo Opinião: Casamento pareceu selar o fim de uma relação, mas se tornou um recomeço

data de lançamento:2025-03-12 16:50    tempo visitado:108

Não me surpreendeu que meu maridojogar jogo do tigre demo, Reed, estivesse enviando mensagens de texto para outra mulher no terceiro dia da nossa lua de mel. Fazia meses que estava apaixonado por ela. O que me espantava era o fato de termos ido adiante com o casamento, mesmo com os indícios crescentes de que nossa relação poderia desmoronar sob o peso de tudo que tínhamos acumulado no último ano. Ao observá-lo na varanda do apartamento que estávamos alugando na Espanha, sorrindo ao pensar em uma mulher que não era eu, senti vontade de estilhaçar sua taça de vinho tinto e jogar seu telefone no Mediterrâneo. Em vez disso, fui para a cozinha, desabei no chão e cobri o rosto com as mãos.

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Nos meses que antecederam o casamento, amigos e familiares nos tinham perguntado, com delicadeza, se os planos ainda estavam de pé, "dada a situação". Poucas semanas antes, o irmão de Reed o chamara de lado e sugerira que adiasse a assinatura da certidão de casamento "por precaução". O tumulto do último ano nos tirara do eixo. Na época do nosso noivado, tínhamos aberto nosso relacionamento. Embora tivéssemos pesquisado sobre a não monogamia ética, ainda assim acabamos nos esquivando, resmungando e nos sabotando. Fomos imprudentes, irresponsáveis e reticentes.

Ao ver Reed se apaixonar por outra mulher, me entreguei ao meu antídoto: sexo casual com um elenco rotativo de homens e mulheres. Mesmo com as melhores intenções de construir uma relação mais flexível e duradoura, havíamos levado a nossa ao limite. Agora, poucos dias depois do início da nossa lua de mel, contemplei a possibilidade de dar um fim à nossa história de amor, e por isso comecei a relembrar o começo do nosso relacionamento.

Reed e eu nos conhecemos na universidade. Ele era um rapaz do campo, de olhos verdes, que tocava banjo e comia algas diretamente do mar. Chamou minha atenção com sua risada. Caminhando pelo campus, eu sorria toda vez que pensava nele, o que ocorria o tempo todo. Não demorou muito para eu dizer a Reed que o amava. Assim que ouviu, ele respondeu com as mesmas palavras, como se as tivesse guardado durante semanas.

Depois de um ano de namoro, sugeriu que escrevêssemos cartas um para o outro, que as enterrássemos ao lado de uma árvore em um penhasco com vista para uma enseada próxima e que as lêssemos no ano seguinte. As cartas não foram a razão pela qual continuamos juntos por mais um ano, e depois por mais uma década. Mas nos incentivaram a refletir sobre tudo que nos levara a escrevê-las e sobre o que esperávamos que viesse depois.

Na lua de mel, eu já estava preparada para o que parecia ser o fim inevitável do nosso relacionamento. Quando começamos a praticar a não monogamia, meu maior temor era que Reed se apaixonasse por outra pessoa e me deixasse. Agora, essa parecia uma possibilidade real. Jogada no chão da cozinha do apartamento que alugamos, pensei em como, no último mês, nossa certidão de casamento havia ficado sobre a mesa de jantar –branca, fantasmagórica– como algo feito para nos assombrar.

Antes de viajarmos à Espanha, uma amiga me perguntou se já havíamos assinado a certidão. "Ainda não", respondi. "Talvez seja melhor esperar até depois da lua de mel. É muito mais fácil enviar essa papelada do que desfazê-la", aconselhou ela. Mas, como sou uma pessoa que gosta de riscar tarefas da lista, coloquei a certidão assinada no correio um dia antes de nossa partida.

A oficialização do casamento nunca se encaixou nas minhas crenças sobre os relacionamentos modernos. Quando ficamos noivos, já fazia mais de 11 anos que estávamos juntos. E, embora considerássemos que estávamos casados havia muitos anos, e não que éramos amigos que estavam prestes a se casar, com frequência tínhamos de lidar com perguntas sobre nosso compromisso. As pessoas nos pressionavam para formalizar nosso vínculo, como se o casamento fosse a única maneira de legitimar nosso amor. Reed e eu éramos céticos diante de uma visão tão simplista. Nós nos sentíamos escolhidos um pelo outro, e não presos. Sabíamos que nosso amor era verdadeiro, embora não tivesse o reconhecimento legal.

Ainda assim, a pressão aumentava. Como mulher, isso me afetava mais. Havia alguma coisa desestabilizadora no fato de me perguntarem repetidamente se eu acreditava que Reed me pediria em casamento algum dia, como se a questão não fosse se nos amávamos, mas se ele me amava o suficiente. A pergunta alimentava uma insegurança específica que pode se alojar no interior das mulheres, que são induzidas a acreditar que seu valor está ligado à capacidade de se casar. Embora eu tenha um sistema de valores feminista, comecei a associar o casamento com a capacidade de ser amada. Acabei dizendo a Reed que achava que deveríamos formalizar nossa relação.

Queríamos comemorar. Estávamos juntos havia mais de uma década, o que nos parecia motivo suficiente para celebrar dançando, mas nos perguntávamos se haveria uma maneira de fugir das convenções. Pensamos em reformular o evento como uma "celebração do amor", o que parecia mais condizente com nosso propósito, mas temíamos que os amigos e os familiares não dessem a mesma importância a ele se não o chamássemos de casamento.

No início, nos referíamos à viagem de maneira brincalhona como nossa "luna de miel", nossa lua de mel. No fim, nós a chamávamos de nossa "lua de fel". Na primeira noite, depois de uma intoxicação alimentar, vomitei os seis pratos que Reed havia preparado. O apartamento seguinte que alugamos fedia a peixe podre. O céu tempestuoso e o mar revolto nos impediram de descansar na praia ou nos refrescar na água. Tentamos entrar na banheira de hidromassagem, mas estava gelada. Esses, no entanto, eram os contratempos que conseguíamos levar na brincadeira. Podíamos erguer uma taça de vinho e brindar ao senso de humor do universo. A parte da lua de mel que não teve graça foi a sensação de que essa poderia ser nossa última viagem juntos, o começo do fim.

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Senti isso no dia em que caminhei sozinha pelas montanhas, na manhã que passei chorando à beira-mar. Senti isso no avião, quando demos as mãos em silêncio, com as palmas suadas. Nossa lua de mel foi incrivelmente sombria. Um fracasso espetacular. Quando, porém, voltamos de nossas férias sem sorte nem sexo, senti mais certeza do que nunca de que tínhamos tomado a decisão mais certa ao nos casarmos.

Quando as pessoas me perguntavam se cancelaríamos o casamento, eu dizia que, apesar de tudo, queria comemorar. E por que não? Fazia tanto tempo que Reed e eu estávamos juntos, nosso amor era tão grande que merecia um desfecho grandioso. Afinal, a maioria dos ritos de passagem marca a conclusão de algo: uma formatura, uma aposentadoria, um nascimento, um aniversário. O casamento é uma exceção, a celebração de um amor presente e de um futuro em aberto. Isso não parece um pouco contraditório? Pensamos: e se nos casássemos para celebrar o sucesso de uma bela relação? E se terminássemos com um grande espetáculo?

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Fizemos a cerimônia sob um carvalho gigante em uma planície na montanha. Quando nos beijamos, nossos amigos e familiares vibraram e jogaram pétalas de rosa em tons de carmim e pêssego. Bebemos sidra, comemos paella e tortas caseiras. Dançamos. Quando a música acabou, Reed e eu nos deitamos sobre a grama coberta de orvalho e observamos as estrelas cadentes. Nós nos cobrimos com meu casaco de lã enquanto os coiotes uivavam ao longe. Ficamos acordados até o amanhecer. "Agora entendo por que precisávamos celebrar o casamento", disse Reed enquanto eu me deitava nos seus braços.

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Durante os meses de planejamento, eu só havia imaginado a festa. Queria dançar e comemorar. A cerimônia em si era só uma formalidade, mas, olhando para trás, é nela que penso primeiro: nós dois sob aquele carvalho, compartilhando histórias dos nossos 12 anos juntos, rindo. Foi a cerimônia, e não a festa, que fez com que voltássemos ao começo e nos lembrássemos do motivo para comemorar.

Depois da lua de mel, não nos divorciamos. Embora o ano que antecedeu o casamento tenha abalado nossa relação e deixado rachaduras, a estrutura permaneceu –encantadora de um jeito diferente e mais interessante. Os quatro anos desde que nos casamos foram os mais comprometidos e felizes. Por quê? Como quem desenterra cartas de amor guardadas há muito tempo, o casamento nos forçou a refletir sobre a importância que tínhamos um para o outro. E quando a pressão social se dissipou – casar, ter uma lua de mel perfeita para as fotos –, pudemos voltar a fazer as coisas do nosso jeito nada convencional (e, sim, ainda aberto). Sem contar que o aborrecimento legal do divórcio ajudou a conter qualquer descontentamento. Seja como for, é curioso pensar que o casamento, esse rito "antiquado" ao qual éramos tão resistentes, foi fundamental para salvar nossa relação.

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